sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Coração


As pétalas de uma rosa caiem. Desfolhada. Murcha.

Murcha para se desfazer no tempo, pó se tornar, para fora voar.
Não chega.

O mergulho na profundidade da escuridão é muito, o seu aprisionamento penoso.
Não é isso que mata, no fim, o pó flutua.

Pena de quê? Do pó que fica jamais voando ou do abismo que o guardará nos confins das memórias?
A memória não é eterna, um dia também pó se tornará.
Dias esses que talvez acabem antes de serem avistados.

Cada pétala é uma lágrima. Uma lágrima, um sentimento. Um sentimento, algo abandonado.
Deixada cair para não mais lembrar.
Lembrança tortuosa... Tortuosa, torturosa. Lembrança que recorda, lembrança que lembra. Lembrança que asfixa.

Pétala que sangra.
Lembrança que asfixa.
Abismo que enlaça.
Pó que sufoca.
É o que guardo.
A rosa é o coração que um dia te oferecerei.

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